O babaçu é uma planta comum nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, é fonte de sustento econômico para diversas famílias. Isso acontece porque todas as partes desta palmeira podem ser aproveitadas para fins econômicos, desde o caule até as flores, passando pela casca dos frutos. Uma pesquisa da Faculdade de Farmácia e do Instituto de Química da UFRJ estuda agora as propriedades fitoterápicas da folha desta planta. De acordo com os pesquisadores, o babaçu pode conter substâncias analgésicas, antioxidantes e antiinflamatórias.
"Iniciamos este trabalho já há quatro anos. Os pesquisadores da farmácia têm contato com populações do Norte e Nordeste do nosso país, inclusive indígenas, o que facilita a produção de um trabalho etnobotânico. Isso consiste em montar um relato de uso das plantas em determinado local, coletando diversos materiais", explica Patrícia Dias Fernandes, professora do Laboratório de Farmacologia da Inflamação, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ. Todo o trabalho no laboratório é realizado dentro do previsto em lei. A exploração em áreas federais ou públicas só deve ser iniciada a partir de uma autorização do governo.
Desenvolvimento da pesquisa
Atualmente, a pesquisa está em fase de testes em animais e células de cultura. “Sempre que há indicação de alguma flor, folha ou fruto como agente analgésico ou antiinflamatório, testamos aqui em modelos animais, para avaliar se esta atividade de fato existe ou não. Assim, aos poucos, vamos tentando descobrir qual das substâncias do vegetal possui funções benéficas para a saúde. É importante deixar claro que trabalhamos sempre dentro dos princípios exigidos pelo Comitê de Ética”, destaca a professora.
A proposta do trabalho é, mais à frente, tentar identificar na planta uma ou mais substâncias que sejam responsáveis por atividades analgésicas ou antiinflamatórias, e que possam ser sintetizadas quimicamente. “No futuro, quem sabe, este material pode se transformar em um medicamento. Porém, uma possível conquista deste gênero ainda levará algum tempo para se tornar realidade, afinal necessitamos desenvolver inúmeros outros testes para que um possível remédio chegue às prateleiras”, esclarece Patrícia.
Uma das alunas de doutorado que participa desta pesquisa trabalha isolando as substâncias dos extratos da folha do babaçu. “Queremos descobrir qual ou quais moléculas possuem propriedades fitoterápicas”, afirma a professora. O trabalho acontece da seguinte forma: as folhas são recolhidas, desidratadas naturalmente e trituradas. A partir daí, faz-se a purificação do material, separando-o em pequenas porções, cada uma com frações de substâncias. “Porém, muitas vezes a quantidade que recebemos não se mostra suficiente para testes com animais, e não surte efeitos. Para que possamos conseguir uma porção adequada de substâncias, o ideal seria que se partisse de uma quantidade de folhas dezenas de vezes maior, algo muito difícil de ser executado na prática”, explica Patrícia.
Outro problema é que o babaçu existe apenas no Norte e Nordeste do Brasil, o que faz o grupo de pesquisa necessitar da ajuda de algum morador local para a coleta. As folhas inteiras não podem ser despachadas para o Rio de Janeiro, pois se trata de um processo caro e complicado. “Ainda assim, esse processo não se resume apenas à coleta: devemos ter uma identificação por GPS do local, além de levar um botânico para certificar a espécie das folhas, entre outros trâmites. A amostra da planta, além disso, deve ser depositada em um herbarium ou horto, e necessitamos juntar folhas, flores, frutos e sementes”, afirma a professora.
Cultura popular
A idéia geral da pesquisa é identificar uma ou mais moléculas com propriedades analgésicas ou antiinflamatórias, sintetizar e buscar uma patente para isso. “Por outro lado, gostaríamos também de comprovar biologicamente um produto já bastante utilizado pela população. No Nordeste, é comum algumas feiras venderem ‘garrafadas’, que são sucos com folhas ou frutos triturados, indicados para a cura de diversos problemas, desde a falta de virilidade até artrite e reumatismo”, enumera Patrícia.
Para confirmar ou negar uma informação sobre os possíveis princípios terapêuticos do babaçu, são necessários estudos conclusivos ainda em curso. Muitas pessoas acreditam que as folhas podem ser consumidas livremente, por se tratar de um produto natural. “Isso não é verdade. Como diz o velho ditado, tudo em excesso faz mal. Os medicamentos nada mais são que venenos bem dosados. E as plantas não são inocentes apenas por existirem na natureza”, alerta a professora.
Um exemplo típico deste problema é o boldo. “Essa planta, bastante comum em quintais de casas na cidade ou no campo, pode provocar hepatite se consumida em excesso. Ninguém deve jamais partir para a automedicação, mesmo que com plantas”, aconselha a pesquisadora. (Olhar Vital)
"Iniciamos este trabalho já há quatro anos. Os pesquisadores da farmácia têm contato com populações do Norte e Nordeste do nosso país, inclusive indígenas, o que facilita a produção de um trabalho etnobotânico. Isso consiste em montar um relato de uso das plantas em determinado local, coletando diversos materiais", explica Patrícia Dias Fernandes, professora do Laboratório de Farmacologia da Inflamação, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ. Todo o trabalho no laboratório é realizado dentro do previsto em lei. A exploração em áreas federais ou públicas só deve ser iniciada a partir de uma autorização do governo.
Desenvolvimento da pesquisa
Atualmente, a pesquisa está em fase de testes em animais e células de cultura. “Sempre que há indicação de alguma flor, folha ou fruto como agente analgésico ou antiinflamatório, testamos aqui em modelos animais, para avaliar se esta atividade de fato existe ou não. Assim, aos poucos, vamos tentando descobrir qual das substâncias do vegetal possui funções benéficas para a saúde. É importante deixar claro que trabalhamos sempre dentro dos princípios exigidos pelo Comitê de Ética”, destaca a professora.
A proposta do trabalho é, mais à frente, tentar identificar na planta uma ou mais substâncias que sejam responsáveis por atividades analgésicas ou antiinflamatórias, e que possam ser sintetizadas quimicamente. “No futuro, quem sabe, este material pode se transformar em um medicamento. Porém, uma possível conquista deste gênero ainda levará algum tempo para se tornar realidade, afinal necessitamos desenvolver inúmeros outros testes para que um possível remédio chegue às prateleiras”, esclarece Patrícia.
Uma das alunas de doutorado que participa desta pesquisa trabalha isolando as substâncias dos extratos da folha do babaçu. “Queremos descobrir qual ou quais moléculas possuem propriedades fitoterápicas”, afirma a professora. O trabalho acontece da seguinte forma: as folhas são recolhidas, desidratadas naturalmente e trituradas. A partir daí, faz-se a purificação do material, separando-o em pequenas porções, cada uma com frações de substâncias. “Porém, muitas vezes a quantidade que recebemos não se mostra suficiente para testes com animais, e não surte efeitos. Para que possamos conseguir uma porção adequada de substâncias, o ideal seria que se partisse de uma quantidade de folhas dezenas de vezes maior, algo muito difícil de ser executado na prática”, explica Patrícia.
Outro problema é que o babaçu existe apenas no Norte e Nordeste do Brasil, o que faz o grupo de pesquisa necessitar da ajuda de algum morador local para a coleta. As folhas inteiras não podem ser despachadas para o Rio de Janeiro, pois se trata de um processo caro e complicado. “Ainda assim, esse processo não se resume apenas à coleta: devemos ter uma identificação por GPS do local, além de levar um botânico para certificar a espécie das folhas, entre outros trâmites. A amostra da planta, além disso, deve ser depositada em um herbarium ou horto, e necessitamos juntar folhas, flores, frutos e sementes”, afirma a professora.
Cultura popular
A idéia geral da pesquisa é identificar uma ou mais moléculas com propriedades analgésicas ou antiinflamatórias, sintetizar e buscar uma patente para isso. “Por outro lado, gostaríamos também de comprovar biologicamente um produto já bastante utilizado pela população. No Nordeste, é comum algumas feiras venderem ‘garrafadas’, que são sucos com folhas ou frutos triturados, indicados para a cura de diversos problemas, desde a falta de virilidade até artrite e reumatismo”, enumera Patrícia.
Para confirmar ou negar uma informação sobre os possíveis princípios terapêuticos do babaçu, são necessários estudos conclusivos ainda em curso. Muitas pessoas acreditam que as folhas podem ser consumidas livremente, por se tratar de um produto natural. “Isso não é verdade. Como diz o velho ditado, tudo em excesso faz mal. Os medicamentos nada mais são que venenos bem dosados. E as plantas não são inocentes apenas por existirem na natureza”, alerta a professora.
Um exemplo típico deste problema é o boldo. “Essa planta, bastante comum em quintais de casas na cidade ou no campo, pode provocar hepatite se consumida em excesso. Ninguém deve jamais partir para a automedicação, mesmo que com plantas”, aconselha a pesquisadora. (Olhar Vital)
Fonte: Priscila Biancovilli / UFRJ
Óleo de coco babaçu
Pesquisas americanas apontam o óleo de babaçu como um excelente agente estimulante do sistema imunológico, aumentando as células de defesa do organismo (linfócitos CD4 e CD8) de portadores do vírus da AIDS até um nível comparável ao de indivíduos sãos. Atua como agente inibidor viral (HIV, herpes, etc), diminuindo também os riscos de transmissão do HIV pelo leite de mães soro positivas para seus filhos.
O babaçu ou coco de macaco, é uma grande palmeira com mais de 20metros de altura nativa do Brasil. Suas folhas chegam a ter em média 9 metros de comprimento. A árvore possui uma alta produção de cocos, cerca de 500 para cada haste, num total de 40 hastes por árvore. Existem duas espécies, a Orbignya oleifera e a O. martiana.
O nome babaçu vem dos tupis, uma tribo amazônica, que chama a árvore de "Uauaçu", enquanto seu nome científico, Orbignya, vem do paleontologista francês A. D. D'Orbigny. Ele viajou na América do Sul entre 1826 e 1834 e veio a ser um professor no Jardim Botânico de Paris.
Atualmente, a produção do óleo ainda é feita de maneira artesanal, sendo quebrado o coco através de batidas consecutivas sobre o fio de um machado preso pelas pernas da "quebradeira". O coco fica maturado para quebra entre os meses de agosto e novembro, perdurando sua produção até os meses de chuva de janeiro e fevereiro.
O óleo de babaçu, que constitui 60% da matéria da amêndoa, serve como matéria prima para fabricação de sabão, sabonete, shampoo, amida, gorduras especiais, cremes, margarina, óleo comestível e para queimar em lamparinas. A torta que sobra da prensagem é utilizada como ração animal e isca de pesca do camarão de água doce. Do babaçu tudo se aproveita, as folhas servem de matéria-prima para fabricação de cestos, peneiras, janelas, portas, cobertura de casas, das palmeiras jovens se aproveita o palmito e coleta-se uma seiva que, fermentada, produz um vinho bastante apreciado regionalmente. Das amêndoas verdes consegue-se um leite com propriedades nutritivas muito parecidas com o leite materno, segundo pesquisas do Instituto de Recursos Naturais do Maranhão. A casca do coco serve de carvão (sua fumaça é repelente de insetos) e a madeira, para fabricação de móveis rústicos.
O óleo possui um ponto de fusão muito baixo (25,5 ºC), o que o faz em dias muito frios acabar tomando uma consistência branco-leitosa, como uma pasta. Esta sua característica está especialmente associada ao seu alto teor de ácido láurico (superior a 40%), o principal componente responsável pelas suas qualidades terapêuticas. O óleo de babaçu é um óleo tão fino que em questão de segundos penetra pelos poros da pele. Esta sua propriedade o torna um dos melhores óleos vegetais para uso na massagem, pois quando é diluído nele algum óleo essencial, este consegue atingir a corrente sanguínea num curto espaço de tempo, antes que sofra perdas de evaporação dada à temperatura da pele. Na massagem e no tratamento do cabelo (onde ele age como um silicone natural), ele apresenta uma vantagem especial sobre outros óleos vegetais: ele não rança.
Pesquisas divulgadas pelo Dr. Conrado S. Dayrit, MD em 25 de julho de 2000 em Chennai na Índia, no 37º Encontro Cocotécnico, mostraram um grande potencial terapêutico para os óleos láuricos (com alto teor de ácido láurico, como o babaçu, tucumã e côco da bahia). A experiência da administração de 50ml de óleo de coco diária em 15 pacientes (10 mulheres e 5 homens) portadores do HIV (o vírus da AIDS) e que nunca haviam recebido nenhum tipo de tratamento anti-HIV, no Hospital de São Lázaro, nas Filipinas, sob a responsabilidade do Dr. Eric Tayan, M.D, mostraram um aumento do linfócitos de defesa do corpo, CD4 e CD8 de 248 para 1.065 e 570 para 1671 respectivamente. Um homem que possuía uma carga viral muito baixa
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A adição de óleos láuricos como o babaçu, na alimentação de pacientes portadores do HIV pode trazer como benefício a diminuição do nível da carga viral em indivíduos HIV positivos, diminuição do antígeno P24 e o aumento do CD4 e/ou CD4/CD8. Com bases nas pesquisas acima, o uso do óleo de coco babaçu na alimentação de pessoas com baixa imunológica, que possuem grande facilidade em gripar, pessoas com doenças bacterianas e viróticas como tuberculose, pneumonia, herpes, doenças venéreas, auto-imunes como o lúpos e a psoríase, entre outras, seria de extrema valia. O babaçu é um óleo de propriedades antivirais e antifúngicas dado ao seu teor de ácido láurico e ácido cáprico. Da mesma maneira, seu emprego na massagem se mostra eficaz para o tratamento dos mesmos problemas, dada sua penetração pela pele ser muito fácil. Na alimentação o babaçu pode ser usado para cozinhar e fritar alimentos, substituindo os óleos de soja, girassol e milho. Pode ser temperado com ervas e condimentos e utilizado como substituto ao azeite de oliva nas saladas para dar sabor. É muito empregado pela indústria alimentícia para fabricação de sorvetes e margarinas. O óleo não-refinado possui um gosto de sabão de coco e cheiro de cocada baiana. Por isto para ingestão, deve passar por um processo de refino, o que diferente de outros óleos vegetais não altera suas propriedades terapêuticas.
Fábián László Flégner